Nos últimos dias, as ‘belicracias’ Estados Unidos e Rússia aprovaram um acordo de "desarmamento" em que limitam seu arsenal nuclear à "apenas" 1.500 ogivas cada. Enquanto isso, a comunidade internacional continua seu sofisma midiático, tentando fazer-nos acreditar que o Irã seria a grande ameaça mundial em sua suposta quase tentativa de criar uma arma nuclear. Com um aparato tecnológico rudimentar para enriquecer urânio e pouco dinheiro , se verdadeira a acusação contra a nação iraniana, tal feito só seria possível apenas daqui há uma década aproximadamente, e como produto, o país islâmico teria algo de eficácia e portabilidade baixíssima, algo similar aos ridículos artefatos testados pela Coréia do Norte nos últimos anos. Em suma, o 'belicinísmo' das grandes potências nucleares através de seu terrorismo midiático, tenta nos fazer acreditar que o suposto "trambolho nuclear" que supostamente o Irã seria capaz de criar daqui há uns pares de anos, seja o grande inimigo da paz mundial. Enquanto isso, com a "redução" de seu poderio atômico, as grandes 'belicracias' poderão agora extinguir o planeta e toda forma de vida existentes, no máximo umas 20 vezes consecutivas.
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
domingo, 19 de dezembro de 2010
FOMOS ESTUPRADOS!
Nesta semana (na verdade no fim da semana passada), o povo brasileiro se viu mais uma vez logrado. Até aí, nenhuma novidade. Com o silêncio retumbante de um povo cada vez mais covarde e permissivo, num gesto imprevisível, um coup de main¹, os parlamentares aprovaram sem muito alarde, aumentos generosos de até 75% em seus já onerosos salários, aumentando ainda mais a distância material, ética e simbólica entre nossos mandatários (aqueles que tudo podem) e a manada omissa que tem como direito obedecer e concordar cegamente com qualquer medida arbitrária vertical. Um estupro! Um verdadeiro estupro moral ocorreu novamente contra o povo brasileiro. Mas seria de fato um estupro? Um estupro ocorre como um ato de violação grave contra a integridade de outra pessoa. No caso em questão, o povo “moralmente estuprado” se sentiu de fato lesado? Neste caso, o problema encontra-se na passividade. Quando não se proíbe uma prática ou a condena, consequentemente a legitima e a estimula. Dessa forma, damos o aval para que ocorra a moralização daquilo que agride e vai contra uma postura ética que anseia a nossa esgarçada sociedade.
Sobre as reações, com excessão de um único partido político minoritário que se opôs à medida, oque acompanhei foram apenas manifestações isoladas e esparsas de indignação (como esta minha) à revelia da grande massa e da grande mídia. Não observei nenhuma movimentação expressiva que contestasse efetivamente a medida parlamentar, sequer pela Intelligentsia ou pelos representantes da auto-proclamada “esquerda”, que em geral vão muito bem, obrigada. Aliás, estamos perto das comemorações de fim de ano, e bem sabemos que a “esquerda” brasileira (que adora fazer festa), não iria anular sua agenda em detrimento de interesses “menores”. O que notamos então, tal como um câncer que extirpado de um órgão já age de maneira mais avançada sobre outro, é que quando começa-se a falar quase que diariamente em combate a corrupção, eis que aqueles que a praticam - daqui a bem pouco tempo - sequer precisarão se arriscar mais nessa prática, poupando-se de serem vítimas de eventuais denúncias ou penalidades que poderiam colocar suas "imaculadas" carreiras em xeque, pois já será possível aprovar mecanismos para substituir a corrupção ortodoxa por uma “legal”. Impensavelmente na última semana vimos surgir então o princípio da “institucionalização da corrupção”. Quem sabe daqui há algum tempo, com as coisas caminhando dessa forma, alguma medida provisória ad aeternum a possa legitimar de vez. Eu e o povo brasileiro mais uma vez fomos estuprados!
1-Expressão usada por Karl Marx, em “18 Brumário de Luís Bonaparte" para descrever o ataque inesperado de Luís Bonaparte, que se efetivou em golpe de estado na França em 1948.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
SER ou TER? FAZER!
Uma discussão bastante atual, ouvida, repetida e pronunciada tanto nos meios intelectuais como nos de cultura de massa, coloca em oposição duas premissas que atingem intimamente os valores do indivíduo, sobre o que seria mais importante para este em sua relação com a sociedade, modificando e transformando a famosa incógnita shakespeariana e dando a ela uma roupagem pós-moderna extemporânea: “ser” ou “ter”? Eis a questão!
Para começar a desenvolver essa discussão, entraria em campo primeiramente aquilo que o indivíduo consideraria fundamental para a construção de seu “ser social”, se aquilo que possui (nesse aspecto, se mencionaria suas aquisições e posses materiais, mercadorias, bens de consumo, etc.) ou aquilo que ele é de fato (valores imateriais como conduta, caráter, sentimentos, preceitos éticos, etc). O corrente e comum que se ouve como resposta quando mencionado tal questionamento – tanto para aqueles que se põe a criticar os costumes e padrões socialmente estabelecidos, como por aqueles que de maneira acrítica pegam carona naquilo que é ou acaba por transformar-se em senso comum – seria afirmar a predominância absoluta do “ser” sobre o “ter”. A partir desta afirmação é possível surgir então um novo questionamento: O que determinaria o “ser”? Uma das afirmações básicas de Karl Marx dentro de seu pensamento se opôs radicalmente contra o idealismo dominante do século XIX. Nesse sentido o filósofo afirma que: "Não é a consciência do homem que determina seu ser, mas é seu ser social que determina sua consciência", contrariando o que afirmava Hegel e outros filósofos idealistas. Então seria um erro primário e de certa forma sofismático, correndo-se o risco de um retorno ao pensamento idealista superado por Karl Marx, concordar com o senso comum de que o “ser” seria mais importante que o “ter” sem antes fazermos uma análise crítica dessas duas condições e como uma age sobre a outra. Obviamente que na sociedade capitalista o “ter” lamentavelmente transformou-se em um conceito negativo, que passa a ser entendido quase que exclusivamente numa premissa de conotação pejorativa e fetichista do capitalismo, onde os objetos de consumo adquirem um valor autônomo, uma aura sobrenatural então se instala sobre eles fazendo que seu valor real não tenha origem ou explicação racional e sim absurda, assim como o desejo massivo (numa forma nefasta de consciência coletiva) de se consumir essas determinadas mercadorias.
No entanto, se analisado sob outras perspectivas, o fator “ter” pode significar e esclarecer muitas coisas nesse questionamento. Com pouco esforço podemos chegar facilmente a conclusão através de uma formulação elementar de que para um indivíduo conseguir um nível excelente de autonomia, é preciso dentre outras coisas, “ter” um bom nível de educação, estímulos cognitivos e conhecimentos de diversas áreas (que lhe são introjetados a partir do meio externo). Ora, para se atingir esse estágio, este mesmo indivíduo deve “ter” (ou ter tido) condições materiais favoráveis que proporcione esse desenvolvimento (por exemplo: bons livros, professores, acesso a diversas formas de manifestações culturais, boa alimentação, moradia, etc.). Concordando com isso, podemos afirmar então que o “ter” (no sentido de “ter” condições favoráveis) tem um papel fundamental na construção do “ser”. No entanto, se faz necessário ainda, que o “ser” se afirme como tal e transcenda o mero “existir” (condição objetiva de qualquer coisa real) tornando-se um “ser” de fato.
Dentro de uma perspectiva materialista histórico-dialética, surge então uma terceira premissa (quase sempre esquecida) capaz de transcender, suprimir e tornar inteligível a íntima e complexa relação e interpenetração das duas premissas citadas anteriormente: o “fazer”. Nesse caso, o “fazer” seria a atividade que legitimaria e afirmaria o “ser social". Ainda segundo Karl Marx, o trabalho e a realização por meio da práxis são as atividades humanas mais importantes. Sobre isso ele escreveu: “(...) uma verdade objetiva não é teórica, mas prática. É na práxis que o homem deve demonstrar a verdade, o saber, a efetividade e o poder (...)” (Teses Contra Feuerbach). Aristóteles em uma análise ontológica, afirmou que o ser (em potência), só poderia se transformar em um ser em ato (real) mediante algum movimento, e nos dá como exemplo a semente que carrega em si (em potência) uma árvore, no entanto essa só se afirmará como árvore mediante o ato, o movimento de se “fazer” árvore.
Concordando com essas afirmações, vemos a necessidade do “ser” em se afirmar como tal, elevando-se de maneira sublime acima do mero “ter”, mas somente a partir de suas realizações, da práxis, do “fazer”, que seria intervir e modificar objetivamente a realidade, efetivando-se como um “ser" social pleno a partir e através de suas ações.
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